sexta-feira, 28 de outubro de 2011

sexta-feira, 23 de setembro de 2011


CAMPANHA DE ADOÇÃO - FRADA 2011

Em janeiro de 2011, a Frada estabeleceu que o tema NÃO COMPRE, ADOTE iria nortear as ações do ano. Durante o primeiro semestre, dedicou-se à criação de uma campanha de incentivo à adoção que atingisse a mídia em massa – conscientizando o maior número possível de pessoas. Apoiada pelo Grupo RBS e Grupo Ric, a campanha promete atingir cerca de um milhão de espectadores incluindo cidades como Jaraguá, São Francisco, São Bento, Rio Negrinho e Itapoá. Como funciona a campanha... Leia mais

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Texto interessante...

“Formiguinha” de 1,50 metro lidera grupo de 20 crianças de rua

Conheça a história da garota que já viveu todos os papéis nas ruas de SP

 Fonte:  Fernanda Aranda e Heloisa Ferreira, iG São Paulo | 15/08/2011 

Quem olha, arrisca 11 anos de idade, no máximo, por causa da altura que não passa de 1,50 metro, da cintura fina, do corpo desnutrido. Quem ouve, deduz que ela já viveu muito mais do que os anos que aparenta: a garota diz morar na rua há mais de uma década, conta que já usou todo tipo de droga, enfrentou três gestações, um estupro. Apanhou da polícia. Foi presa. Perdeu o pai e viu a mãe enlouquecer no crack após a morte de três de seus irmãos. Sente-se responsável por 20 crianças sem família.[...] Leia mais.

 

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A voz genuína


Família e Civilização: elos ilusoriamente perdidos

Estar vivo é compartilhar as sementes, os frutos e, também, as tempestades do mundo. E, nesta caminhada, tropeçar e se reerguer tantas vezes – na esperança de um gesto próximo. Com a civilização, já há muito tempo que o ser humano não vive só e que tudo o que faz ou recebe é uma intensa troca de experiências, respingos de atitudes conscientes ou não, de tantos parentes seus que co-habitam a Terra. Mas, de repente, estar em meio à multidão pode ser solitário, se não houver uma troca de olhares compassivos com a situação alheia, se não houver uma concepção holística do que é fazer parte de algo.

Cada vida que habita esse planeta o transforma. E toda vida que nasce, carrega pra sempre a música familiar. Entre formas e forças legitimadas ou não pela sociedade, a família – unidade social mais antiga do ser humano – se transforma, sem freios. E os grupos de pessoas que se unem a partir de um ancestral comum ou por meio do matrimônio ganha a cada década novas molduras. Perante esse cenário e ciente da participação inquestionável do berço – e de seus agentes – na constituição do ser, a sociedade clama pela priorização do afeto.

Projetos de vida que parecem ter fracassado estão à margem do progresso. Com o rótulo do abandono ou atrás das grades, vidas sem nome carregam, não raras vezes, um difícil histórico familiar. Nada que possa justificar a maldade alheia, e nada que possa ser tão facilmente ignorado. A importância da família na configuração dos exemplos, na orientação ao caráter, - e sua ausência - cristaliza-se nos noticiários.

A família constrói os eixos ou enfraquece o ser – que vagas chances terá de superação, imerso em uma sociedade que prioriza o consumo e a imagem. E é esse ser – semente familiar infrutífera – que deixará seus rastros no planeta. Num planeta que grita pela união da família humana, pela união de todos os povos, para que não se acabe assim, de uma forma tão irresponsável de se viver e de se educar.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

“Se essa rua, se essa rua fosse minha...”


Me diz, você já se imaginou usando a mesma roupa por um mês inteiro? Meias, sapatos e casaco molhado? O frio entrando pela alma, devagarzinho beijando a espinha. O banho sendo um sonho de consumo. A janta, um oásis? Já imaginou deixar seu colchão, as cobertas e o travesseiro macios. Trocar tudo por um repouso ao relento, sobre uma fina camada de papelão, com cada troca de marcha nas ruas fazendo seu coração disparar? Os olhos cansados da vigília. A esperança correndo para o esgoto. A autoestima em ruínas...

Pode ser que sim ou não, que a imaginação já tenha invadido seu razoável padrão de vida ou que forças maiores já tenham até estremecido os eixos, trazendo uma leve angústia pela possibilidade. Mas, muitos nem chegam perto disso. Muitos nem, sequer, chegam a olhar para além do próprio umbigo...

Nesta semana que passou, me aproximei um pouco desse tema, do ser humano que vive nas ruas. No teatro, acompanhei a representação de “Dois perdidos numa noite suja”, texto de Plínio Marcos, que, resumidamente, entre sopros de humor, lança ao público o livre e o frágil na rotina de dois sujeitos que habitam a base da pirâmide social. A marginalidade. Na quinta-feira chuvosa, a Escola Popular de Direitos Humanos trouxe à pauta a população em situação de rua.

O espaço aqui é mínimo para explorar um universo tão cheio de vazios no que se refere à atenção da sociedade. Das necessidades básicas, já falei lá no início. Mas tudo seria tão perfeito se um prato de sopa, ao meio-dia, resolvesse o problema. Para citar algumas das importantes observações do grupo que veio de Curitiba para dialogar, talvez ainda assim eu me estenda, e você continue a ler, se quiser...

Hoje, 19 de agosto, comemora-se o Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua – data de aniversário de uma entre tantas tragédias brasileiras, o massacre na Praça da Sé, centro de SP, 2004. A linha do tempo marcada por episódios parecidos é extensa, como em 1997: a barbárie em Brasília, protagonizada por jovens da classe média alta que atearam fogo no índio pataxó Galdino Jesus dos Santos. E por aí vai.

Na lata: o olhar e a reivindicação pelos direitos da população em situação de rua é recente, a existência do problema e do preconceito é atemporal. No Brasil, pelo menos 50 mil pessoas estão nas ruas, vulneráveis, especialmente, à humilhação e à violência policial. As políticas públicas engatinham, ganhando um empurrãozinho com o Decreto 7053/2009.

Os albergues não dão conta e não são ideais (na capital paranaense, conseguem atender somente 10% desta população). As praças servem de moradia, ainda que sem consentimento. As drogas mais degradantes, com as quais as instituições de poder fazem vista grossa, potencializam a inércia e o desespero.

Grandes eventos esportivos estão a caminho e já começaram os esforços para “higienizar” as ruas. A memória volta para a década de 1960, quando a Rainha Elizabeth esteve no Brasil – e soluções grotescas foram tomadas (assista “Topografia de um Desnudo” ). As mídias alternativas continuam tímidas. Disque-denúncia, criação de repúblicas e contagem desta população no censo IBGE de 2012.

Não há nada que lhes impeça o direito de ir e vir. Aliás, quantas vezes ainda será preciso gritar que nada disso surge de uma hora pra outra? Que as coisas andam e que muitas - além do nosso próprio umbigo - estão andando pra trás???

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Ações - Frada (Frente de Ação pelos Direitos Animais)

Junho/ 2011

Frada aposta na sensibilização dos mais jovens
 

Protetores de animais conduzem projeto sobre tutela responsável com crianças de Joinville


Na quarta-feira, 15, a Frente de Ação Pelos Direitos Animais (Frada) iniciou mais um projeto de conscientização e educação em torno do bem-estar animal. A iniciativa, que consiste em palestras para crianças em idade escolar, iniciou na Paróquia Universitária São Francisco de Assis, no bairro Saguaçu, e deve se estender a outros locais da cidade.

Participaram do bate-papo - conduzido no período da manhã e da tarde - cerca de 100 estudantes com idade entre 9 e 11 anos. A ideia nasceu de uma conversa entre Ana Rita Hermes, presidente da Frada, e a coordenadora das catequistas da Paróquia, Eliane Rodrigues. As professoras cederam o espaço das aulas para a atividade educativa.

Durante os encontros, as voluntárias Fernanda Lange e Melanie Peter explicaram o conceito de tutela responsável, discutiram um questionário com perguntas sobre as principais necessidades de cães e gatos domésticos, e esclareceram como é possível denunciar casos de maus-tratos a animais. As voluntárias também enfatizaram a importância do uso das plaquinhas de identificação, ilustrando a conversa sobre os direitos dos animais com uma apresentação de slides. 

Para encerrar a atividade, Ana Rita fez uma surpresa, levando a sua cachorrinha Babi - recolhida das ruas em 2008 - para confraternizar com as crianças. O próximo encontro será no sábado, 18 de junho, a partir das 10h00, no mesmo local, com nova turma de estudantes. O encontro é aberto ao público.


Saiba mais:

Pela intensa e amorosa relação com a natureza, São Francisco de Assis é considerado o patrono dos animais e do meio ambiente.



quarta-feira, 4 de maio de 2011

Divagações 2011 - Dormindo com o inimigo

Dormindo com o inimigo


Pode-se dizer que é um quarto pequeno – proporcional, diriam. As paredes foram recentemente pintadas de lilás e há uma mandala sobre a cama, que conhece as minhas esperanças e infernos astrais. De dia, no guarda-roupa, a luz vermelha está quase sempre acesa e a caixinha preta ferve. À noite, o compasso do ventilador envolve celestialmente a cama, num semissilêncio perfeito. Noutra dimensão, a criatividade pulsa, alcançando o auge no emaranhado de sonhos.

Mas, a ruptura é quase sempre cruel – ainda que embalada pelo ritmo jamaicano. Suspiro, me torço, desligo o celular empurrando um pouco a cortina com o pé, e paro por alguns segundos. Pesco resquícios dos sonhos, me oriento nas tarefas do dia e faço planos de vida mais complexos, como cultivar a calma e a distância máxima possível do computador – que, no caso, habita esse mesmo espaço.

O triste é que antes mesmo do alongamento – não raras vezes – o dedinho frenético procura a luz. Após o café: e-mails, horóscopo, notícias, bate-papos, textos. Tudo misturado. O ponteiro do relógio parece estar fora de si. Levanto, caminho, volto, sento e abro tudo de novo. As janelas saltitam com disposição e o teclado pede férias. A máquina, negra, tem a cor da nossa relação atual: obsessiva, corrosiva, incoerente. Envolvo-me cada vez mais com o inimigo. Delírio...

Ele é instrumento tinhoso, que favorece contatos profissionais, permite que eu escreva e reescreva minhas divagações, e soluciona – rápida e questionavelmente – dúvidas das mais diversas, sobre rotas de endereços e bulas perdidas. Porém, quando mais requisitado, desfalece sem dar muitas explicações. Há vezes ainda, em que prega uma peça, conduzindo correções ortográficas malucas, complicando a memorização das novas regras gramaticais.

Vibrações, campos magnéticos, energia ruim. Há anos, ouvem-se alertas sobre o uso indiscriminado do computador, assim como orientações sobre os malefícios da sua instalação no quarto. Mas ignoramos. Acredito: a indisciplina no universo virtual causa malefícios ao corpo e parece bagunçar o cérebro, além de sugar o tempo precioso que temos.

De repente, ele está em sua vida mais do que você imagina. Há poucas semanas, por exemplo, eu estava procurando um documento na gaveta da sala – papel, impresso, não-virtual –, mas nem São Longuinho estava a fim de me ajudar. Senti uma brisa de solução que sussurrou assim: “Ah, acessa o Pesquisar” – ou Localize, como prefiram. Naquele instante, era explícita a confusão entre os mundos – e não havia nada de ilícito interferindo.

Talvez essa união pudesse ser sadia. Teríamos então acesso à lixeira virtual de nossas vidas, restaurar gestos e pessoas num clique. Ter dias em branco, como folhas de Word para colorir ao léu. Ter sempre um botão de ajuda à espreita. Talvez. Ainda assim, toda manhã eu sonho que a luzinha vermelha vai se apagar um pouquinho mais, a cada dia, na vida de cada um. E que na lista de próximos contatos eu vou incluir a música e a natureza. 

Divagações 2011 - Irreversível

Irreversível

Barriga cheia, cardápio esquecido. Após o almoço fui até o quarto. Pijama e pés descalços, como de costume. Abri a pequena gaveta de madeira, depois olhei para os modelos pendurados no cabide, então lancei alguns pares ao chão e escolhi os adereços para sair. Insisti em perfurar a orelha alérgica com o brinco de penas, calcei as sandálias velhas de couro e pendurei na transversal a bolsa de mesma origem.

Pronto, pensei. Mas, que nada! Quis olhar só mais uma vez o espelho, só mais uma. E foi fatal: enxerguei as penas e o couro, sentei. E agora? A palestra começaria em duas horas, conduzida por Nina Rosa, grande defensora dos direitos dos animais. Pronto, o conflito instalara-se.

Dois anos, e alguns detalhes da trama se perderam na memória, assim como os ‘espetinhos de gato’ que abandonei nas calçadas. Amassei as penugens novamente dentro da gaveta, já que, coloridas, despertariam mais a atenção. Naquela tarde, “Educação para a Paz Ambiental” transbordou o público com informações espinhosas, em contraste com a fala suave da palestrante.

Nos meses seguintes, a consciência não se aquietou. Ainda que familiarizada, há pelo menos cinco anos, com a ideia de um dia não mais comer carne – e que a ruptura tenha sido branda – a decisão causou reboliço. Um combate infindável com os resquícios medievais que trouxeram a peça como símbolo de fartura e nobreza, enraizando culturalmente o consumo.

Sim, eu imaginava que, além da estupefação, os vegetarianos são um playground de gozações e desafios – ainda que, de certo modo, admirados por alguns. Harmonizam gesto e consciência, enquanto são açoitados à mesa pela sociedade do churrasco. Para uns, parar pode ser radical de mais e nem ter sentido; para outros, mastigar animais é inconcebível. Mas vamos lá: respeito pelo prato ao lado – já que não pela saúde, pelos animais, pelo planeta...

Aos poucos descobri a balela que é a pressão social se comparada aos próprios pensamentos. Há quem diga que ser vegetariano é ir além da alimentação para olhar o mundo de uma forma mais ampla e é por aí que segue a trama - ou o drama. Dia desses, me deparei com um texto perfeito. “A Quase Vegetariana”, em tom cômico e perturbador, tirou do baú a gelatina, a glicerina, os pincéis, cosméticos e medicamentos, filmes fotográficos e de cinema - todos com contribuições invisíveis do mundo animal. A identificação com a personagem foi absurda.

Não, por incrível que pareça, a pregação não faz meu tipo. Então, quem sabe eu pudesse tentar ignorar algumas coisas?! E seria tão mais fácil enxergar com inocência a produção da saborosa carne de vitela ou do patê de foie gras. Acreditar que o mundo animal é fidedignamente representado nas embalagens de salsicha, por exemplo, com porquinhos cor-de-rosa, esbeltos e saltitantes. Poderia enfim, cerrar os olhos para as estatísticas, sem dó, passando uma borracha em tantos dados sobre os malefícios da produção da carne ao meio-ambiente.

Bobagem. Perda de tempo. O movimento caótico e expansivo da percepção é irreversível. Não olhar, mesmo para o ‘invisível’, parece um caminho vazio de possibilidades. Quando uma fresta se abre, parece irreversível...


PS: (CENSURADAAAAAAAAAAAA) ...rsrs

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Meu currículo


DADOS PESSOAIS
Data de Nascimento: 4 de março de 1983
Naturalidade: Joinville – SC
Estado Civil: Solteira
Registro profissional: 3633/SC

INTERESSES
Redação/ Pesquisa/ Revisão de texto/ Atividades administrativas

FORMAÇÃO ACADÊMICA

Curso Superior em Comunicação Social com hab. em JORNALISMO - Bacharelado
Associação Educacional Luterana Bom Jesus/Ielusc – Joinville/SC
Concluído em julho/2008

EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL

  • Editora Alldaz – Revistas Vida Plena (Unimed Joinville) e Premier
- Período: Fevereiro/ 2011 a ... [freelance em andamento]
Pesquisa e redação de reportagens 
Revisão de texto

  • EDM Logos Comunicação Corporativa – VI Festival de Música de SC (Femusc)
- Período: Dezembro/ 2010 a Fevereiro/ 2011 [temporário]
Redação de releases e reportagens
Atendimento às solicitações da imprensa nacional

  • Mercado de Comunicação Ltda – Comunicação Empresarial
- Período: Setembro/ 2010 a Novembro/ 2010 [freelance]
- Jornalista
Redação de releases e reportagens
Atendimento às solicitações da imprensa

  • Instituto Festival de Dança de Joinville
- Período: Julho/2010 a Agosto/2010 (28ª edição)
- Jornalista
Redação de releases e reportagens
Atendimento às solicitações da imprensa

  • Portal Sul Comunicação Integrada (JCR Editora)
- Período: Maio/2010 a Julho/2010 [freelance]
- Repórter fotográfico
Confecção de roteiro e produção
Redação de textos para mídia indoor
Produção de fotos para mídia indoor

  • Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE
- Período: Junho/2009 a Outubro/2009 [temporário]
- Jornalista Jr.
Redação (folders, revista, jornal mural, site)
Revisão de textos
Clipagem
Produção e redação de roteiro para televisão

  • Sirius Ab Marketing Empresarial
- Período: Maio/2009 a Junho/2009
- Recepcionista/ Auxiliar de Comunicação
Atendimento telefônico
Organização de agendas
Produção de release
Revisão de textos
Digitação


  • Centro de Educação Infantil Espaço Encantado
- Período: Fevereiro/2003 a Maio/2009
- Auxiliar de Educador
Atendimento ao público
Suporte ao planejamento pedagógico/ Contação de histórias
Produção de vídeo para registro
Digitação

  • Wilson & Wilson Advogados
- Período: Maio/2002 a Janeiro/2003
- Auxiliar de Escritório
Atendimento ao público
Organização de agendas
Digitação


SEMINÁRIOS E OFICINAS

  • Escola de Formação Popular em Direitos Humanos
- Duração: 25 horas/ em andamento
- Realização: Centro de Direitos Humanos “Maria da Graça Braz”

  • I Fórum Internacional de Estudos Foucauldianos – O cristianismo em Michel Foucault
- Duração: 20 horas/ novembro de 2010
- Realização: UFSC – Centro de Comunicação e Expressão (Florianópolis)

  • 4º Seminário de Gestão Prisional, Segurança Pública e Cidadania (minicurso c/Alvino de Sá)
- Duração: 16 horas/ maio de 2010
- Realização: Centro de Direitos Humanos, Conselho Carcerário da Comunidade e Pastoral Carcerária (Jlle 

  • Workcine – Workshops Profissionais de Cinema: Direção de Arte c/ Mônica Palazzo, Figurino para Cinema c/ Lou Hamad e Construção de Figurino c/ Lucas David

- Duração: 30 horas/ novembro de 2009
- Realização: Associação de Cinema de Joinville e Região (Acinej)

  • Operador de Câmera de Vídeo (curso ministrado por Cleiton Vaz)
- Duração: 20 horas/ agosto e setembro de 2009
- Realização: Universidade do Vale do Itajaí (Univali)

2009 - Universidade da Região de Joinville (Univille)

Período: Julho a outubro de 2009



Entre outras atividades como redação de textos para folders/ jornal mural/ site,
produção e redação de roteiro para programa de tv, segue link para acesso às reportagens

produzidas para a Revista Universo Univille: http://www.univille.edu.br/contentId/131158

2009 - 6º Prêmio Joinville de Expressão Literária


Quente e Suave

Gordinho sob a plumagem laranja e autor de um canto frenético. Cala a boca passarinho! É assim a cordialidade com que venho tratando o meu despertador de todas as manhãs – e auges da madrugada. Ele canta em sua esclerose empolgante, eu insisto em meu ponto de vista embriagado.

Na minha infância, ouço assobios ausentes. Em alguns finais de semana, meu pai reunia-se com os amigos, calçava as botas pretas, pegava a espingarda e saía para caçar. Minha mãe não lembra desse trecho da história. E enquanto os passarinhos vivenciavam essa adrenalina desnecessária, meu irmão saía também, todo de preto e com uma mochila secreta, onde presumo que escondesse cordas, lanternas e outros equipamentos para garantir a sua estimada sobrevivência. Saía para caçar os inimigos imaginários da vizinhança. E eu, nunca caçava nada. Foi nessa época, enquanto os meus pais ainda viviam juntos, que eu virei um copo de whisky – achando que fosse de refrigerante – e a minha alma quase se derreteu. Passei a odiar os destilados desde então. A infância é assim, o melhor filme, mas vem aos pouquinhos, em flashes, durante um banho quente ou um copo de vinho…

Lembro que para dormir eu precisava ver da cama um feixe de luz se dissolvendo no quarto. Eu tinha a certeza de que o escuro abrigava os passos da mulher de branco, aquela criada por Jorge Amado. E eu inventava essas coisas. Durante o dia fazia piqueniques semanais na grama com sanduíches e formigas, formulava perfumes com as pétalas de rosas arrancadas do jardim e me trancava na cozinha para simular programas gastronômicos. Eu também gostava de dar aula para uma vizinha mais nova, ensinava acontecimentos históricos imaginados e exigia tarefa de casa. Um dia essa minha aluna cresceu e percebeu a enrascada. Hoje não nos falamos muito.

Também havia os dias proibidos em que eu não podia chegar perto da churrasqueira. Era dia de jogo. Meu irmão convocava uns quatro ou cinco amigos, puxava a mesa pesada de madeira para o centro da lajota e a cobria com um cobertor até o chão. E lá, em baixo da mesa, assistiam a seleção brasileira ou outro time jogar numa pequena TV em preto e branco. Eu ficava do lado de fora, achando o máximo, ouvindo as vibrações coloridas, com ódio. Eu continuo morando na mesma casa onde cheguei há quase trinta anos e onde sempre existiu um universo de plantas e cores, um pé de pitangas e um grande pinheiro torto. Morar em casa é diferente.

A casa da minha avó, essa sim, era encantada. Tinha sótão, cheiro de café e uma atmosfera celestial. De olhos cerrados eu lembro das sopas, da plantação de espinafre, dos gatos perdidos que ela alimentava diariamente com tanto carinho. Lembro dos leques, das ombreiras, das anáguas. Sempre após o almoço aos domingos, eu e minha mãe íamos aprontá-la para o grande dia em que reunir-se-ia com as amigas para jogar e recordar. Sentava-me à mesa quietinha observando minha mãe comandar o making of enquanto mascava as pontinhas dos grampos de cabelo ou me encostava no balcão da sala para enfiar e girar todos os dedos no telefone antigo.

De forma escultural, os fios de cabelo negros de vovó envolviam os bobs, cheios de laquê. Com cuidado, o colar de pérolas saltava do porta-jóias de porcelana para adornar o pescoço. O perfume antigo, as moedas reservadas para o bingo… O figurino deveria estar perfeito – e sempre estava.

A infância é assim, o melhor filme, mas vem aos pouquinhos, em flashes, durante um banho quente ou um copo de vinho, branco, suave…




*3º lugar na categoria Conto/ Crônica.